9 de abril de 2012

TROVA # 4


O FEITIÇO DE MADONNA


               Sim, sim, sim... ELA voltou! Não se satisfaz em apenas relegar um álbum novo com canções para sair dançando nas pistas, nos quartos ou em outras partes da casa... Madonna, como sempre, resolveu voltar às lentes e aos olhares do público com CD novo, turnê nova, filme nos cinemas, uma apresentação memorável na final do Super Bowl e algumas notícias (de teor sensacionalista, quase sempre!) para que ELA sempre seja o assunto do momento! Yes, baby: ela se reinventa sempre através de um COMBO de informações para que todos saibam que ela ainda está on duty!

           

É lógico que Madonna não é apenas um assunto do momento. No que diz respeito à música Pop, ela foi a ÚNICA mulher que conseguiu ser O assunto por quase três décadas de carreira ininterruptas. Por ser cantora, compositora, atriz (lembro-me bem de quando eu prestei atenção nela pela primeira vez no cinema quando eu a vi ao lado de Warren Beatty em Dick Tracy, em 1990!), cineasta (OI?!), escritora de livros infantis (bons os tempos em que ela publicava maravilhas como o comentadíssimo livro Sex – uma raridade nos dias de hoje!) mãe e o que mais você quiser que ela seja, Madonna é a única mulher que pode se (auto-) proclamar Pop Star com “P” e “S” maiúsculos.


Fui praticamente com uma excitação de adolescente fã do Justin Bieber correndo até a Livraria Cultura do Conjunto Nacional quando descobri que minha Deluxe Version de MDNA, estava esperando por seu dono no setor de encomendas da megastore. O novo CD da Diva ainda coloca a filha de Silvio Ciccone no rol dos assuntos do dia. É uma coleção de canções mega dançantes e que fazem de Madonna uma artesã da Música Pop. Refrões-chiclete como o “Oh la-la-la” de “Superstar” (Madonna & Indiigo Muanza) e a chant que abre “Give Me All Your Luvin” (“L-U-V Madonna / Y-O-U you wanna”) colam no ouvido de uma maneira tão eficiente, que é impossível se esquecer destes acordes nos próximos momentos!

 

            Aos 53 anos de idade (54 em poucos meses!), Madonna se recusa a envelhecer musicalmente. Seu elixir musical desafia gigantes do mainstream musical como Mick Jagger ou Tina Turner – MDNA consegue ser melhor do que muitos lançamentos de muitas Pop Stars do momento (Britney?! Gaga?! Beyoncé?! Katy Perry?! Rihanna?!) e renova a imagem e o legado da Material Girl para a posteridade. Por outro lado, não esperem NADA de novo, revolucionário ou diferente neste trabalho. O CD traz os velhos temas e clichês que fizeram de Madonna a estrela feminina mais polêmica e inventiva da música em todos os tempos. Canções sobre religião (“I’m A Sinner”), amores feitos e desfeitos (“Give Me All Your Luvin’”, “I Don’t Give A...”, “I Fucked Up”), baladas levemente açucaradas (“Masterpiece”, “Falling Free” – Madge ainda sabe escrever e interpretar baladas como nenhuma outra!) e hinos para serem eternizados nas pistas de dança (“Turn Up The Radio”, “Some Girls” – Madge ainda consegue colocar todo mundo para dançar em uma dancefloor, bebê!).


            Lembro que minha paixão por esta mulher que hoje é mãe de quatro filhos começou quando eu era bem jovem. Certa vez, meus pais resolveram me enviar para passar uns dias na casa de minha tia Ana Cristina, irmã de minha mãe (e minha madrinha!), durante as férias de julho. Como ela não podia dedicar boa parte de seu tempo ao sobrinho de nove anos de idade na época, visto que havia outra criança naquela casa (meu primo Kevin, que tinha poucos meses de vida em julho de 1990), coube ao meu Tio John a tarefa de garantir diversão ao sobrinho visitante de nove anos de idade. Neste caso, a “operação diversão” consistiu de algumas rodadas de Banco Imobiliário (jogo que ainda adoro!) e de uma ida ao Shopping Rio Sul para assistir Dick Tracy, filme de Warren Beatty que trazia a Pop Star no elenco. Nesta trama, Madonna era Breathless Mahoney, cantora-vedete dos anos 1920 que se envolve com Tracy (interpretado por Beatty).



            As rádios naquela época tocavam um dos maiores sucessos de Madonna, “Vogue”. O verão de 1991 seria sacudido por outras três “hecatombes maddônicas” o vídeo polêmico de “Justify my Love”, a coletânea The Immaculate Collection e o documentário Na Cama Com Madonna, o qual traz todos os bastidores da turnê Blonde Ambition e do lançamento de Dick Tracy. Por causa desta sequência arrasadora de lançamentos, Madge tornou-se uma presença nociva para a moral e os bons costumes lá de casa. Para mim, ela tornou-se um ídolo, uma referência de paradigmas a serem quebrados diariamente, já que eu sempre gostei de indivíduos quer iam contra ao que já estava para lá de estabelecido...

            A partir desta época, não deixei de prestar atenção em nenhuma empreitada que Madonna deu no showbiz. Delirei com Erotica e a Girlie Show, aprendi a curtir um som mais R&B e lounge com o seu ótimo Bedtime Stories; chorei escondido com as baladas que ela reuniu em Something to Remember e com o belo Evita, de Alan Parker; "curti" com ela as dores e as delícias da maternidade com Ray of Light. Quando ela veio com Music, em 2000, perdi um pouco do interesse. Madonna começava a repetir uma fórmula que tinha dado certo em seu trabalho anterior (a dobradinha que ela fez com os produtores William Orbit e Mirwäis soou chinfrim para estes ouvidos tão fatigados!). Provavelmente esta virada de gosto pessoal se deve ao fato de eu ter ingressado na Faculdade de Letras e caído de amores pela MPB de Chico, Caetano, Gil, Os Mutantes e outros. Porém, este fato também se deve ao fato de Madge ter começado a apresentar limitações no seu repertório – fato!



American Life, seu trabalho de inéditas de 2003, não me agradou nem um pouco: 1.º) Madonna perdeu uma oportunidade de ouro de ter sido tão ou até mais polêmica do que na época de Like A Prayer ou (o fofinho) True Blue, ao satirizar Bush, os absurdos da Guerra do Iraque e gravidez indesejada ("Papa Don't Preach / I'm in trouble deep...") – para uma senhora casada com um inglês (no caso, o mala do diretor Guy Ritchie, pai de Rocco, seu segundo filho); 2.º) Seu som, urdido ao lado do produtor Mirwäis, não me soou nada bem para os ouvidos. Madonna tinha se tornado sinônimo de chatice, de algo ultrapassado, de uma Tia que tinha muito que aprender com suas colegas de Pop. Em uma era na qual menininhas mais jovens queriam brincar de Pop Star, não optar pela ousadia, falar exaustivamente de cabala em versos e repetir velhos clichês com um som um tanto "manjado" fez com que vários se afastassem da Sra. Ritchie naquele momento (não é a toa que American Life foi um puta fiasco!). A partir daí, ela precisou se reinventar para que ela pudesse garantir mais tempo de sobrevida no showbiz.


Madge virou o jogo quando fez a turnê Re-Invention (a qual reciclou sua imagem) e se uniu ao produtor Stuart Price e fez um disco dançante de sabor disco. Confessions On A Dance Floor não só mostrou que Madonna ainda era a maior Pop Star do mundo, como também sabia se reinventar quantas vezes achasse necessário. “Hung Up” tornou-se um de seus maiores hinos e foi o passaporte para que muitos a vissem em uma das turnês mais bem-sucedidas de todos os tempos: a Confessions Tour. Quando vejo Madonna misturando “Music” com “Disco Inferno”, tenho a plena certeza de que perdi um dos maiores espetáculos de toda a história da música (veja o vídeo do TOP 20 da Tia - não dá vontade de sair dançando com ela?). Ainda bem que existem registros audiovisuais de qualidade para que possamos nos sentir menos pior diante das nossas ausências.

A partir de Hard Candy, um disco com um sabor mais anos 1980 e com fortes pitadas de Hip Hop, Madonna retomou contatos com o Brasil. Sua temporada em terras tupiniquins em dezembro de 2008 foram tão memoráveis para fãs e não-fãs que Madge decidiu se divertir por aqui, arranjou namorado brasileiro, pulou Carnaval no Rio de Janeiro, visitou favelas pacificadas (?) e ainda brincou um pouquinho de “Embaixadora da Boa Vontade” ao solicitar verbas para seus projetos sociais. Sim, ela precisa de novos factoides para chamar a atenção, né?


E retomamos o ciclo com MDNA, cujo título faz trocadilho com a sigla MDMA, de uma droga similar ao ecstasy – droga mais do que comum para aqueles que estão na pista de dança! Em “I’m Addicted”, uma das canções de seu novo trabalho, Madonna faz a seguinte pergunta: “When did your name change from language to magic?” (Quando seu nome deixou de ser linguagem e se tornou mágica?). Se o nome em questão é o da moça que se chama Madonna Louise Ciccone, isso aconteceu para o mundo em 1982 – quando Madonna lançou “Everybody” –, para mim, em 1990. Se os amantes do Pop estão viciados no que esta mulher ainda tem a dizer, simplesmente isto acontece porque MDNA resume 30 anos de uma carreira conquistada com muito trabalho, com muita (auto-)promoção e (indiscutivelmente!) muito talento! Por isso, Turn Up The Radio, pois Ela está no pedaço!


Leia sobre o DNA das canções
do novo disco de Madonna:   
http://musica.uol.com.br/infografico/2012/04/02/uol-analisa-o-dna-das-novas-musicas-da-madonna-ouca.jhtm

20 Videoclipes para você jamais duvidar
do poder de sedução de Tia Madge:

1.   Vogue







2.   Rain

3.   Like A Prayer

4.   Music Inferno

5.   Bad Girl

6.   Erotica

7.   Justify My Love

8.   Deeper & Deeper

9.   Like A Virgin


10.  Frozen

11.  You'll See

12.  Material Girl

13.  Hung Up

14.  Ray Of Light

15.  Beautiful Stranger

16.  Papa Don’t Preach

17. Burning Up

18. Holiday

19.  Love Profusion

20.  Give Me All Your Luvin’