Neste ano consegui dar conta de um projeto com o qual eu sonho há muito tempo. O Trovas de Vinil foi mais do que um sonho que tornei realidade: foi uma terapia e tanto!
Que em 2013 possamos estar juntos através de outras crônicas musicais que estão por vir. Que novas ideias possam aparecer com muita saúde, paz, harmonia e muita música!
Muito obrigado a todos que leram, comentaram e divulgaram o Blog nas redes sociais. Cada participação de vocês fez muita diferença.
E como não sei me expressar sem fazer nenhuma referência a música que rege os nossos corações, que Clara Nunes dê o tom do ano que está por vir!
“I don't
fuck much with the past but I fuck plenty with the future.”
― Patti Smith
O ano de 2012 foi um ano e tanto para a música no planeta. Alguns artistas
saíram de cena, uns retornaram aos holofotes, outros nos abandonaram para
sempre. No entanto, ela retornou
ao mainstream com uma bela novidade
para os terráqueos destas bandas azuis. Refiro-me à Patti Smith, musa-mor do
movimento Punk, artista com “A” maiúsculo e poetisa de grande quilate.
Nenhuma pessoa do mundo artístico conseguiu fazer o ano de 2012 com
tanto brilho como D. Patricia Lee Smith o fez. Em junho de 2012, Patti lançou Banga, seu 11.º álbum, depois de cinco
anos sem lançar um novo disco e de oito sem disponibilizar nenhum material
inédito. Além disto, um DVD com sua apresentação no Montreux Jazz Festival em 2005 foi lançado co toda a pompa e circunstância.
Para a felicidade dos amantes da poesia, vários livros de sua obra poética
foram elegantemente reeditada graças ao sucesso de Just Kids (Só Garotos, em
português), seu livro de memórias ao lado do fotógrafo e artista plástico
Robert Mapplethorpe.
Sobre a capa de
seu antológico álbum de estreia, Horses
(1975):
“Nunca houve dúvida de que Robert faria meu retrato para a capa de Horses, minha espada sonora
embainhada por uma imagem de Robert. Eu não fazia ideia de como ficaria, apenas
que deveria ser verdadeira. A única coisa que prometi a Robert foi que eu
usaria uma camisa branca sem nenhuma mancha.
(...)
Robert queria fotografar
no espaço de Sam Wagstaff, porque a cobertura no número 1 da Fifth Avenue era
banhada de luz natural. A janela do canto fazia uma sombra que criava um triângulo
de luz, e Robert queria usá-lo na fotografia.
(...)
A icônica capa de Horses, trabalho de estreia de Patti Smith.
Foto: Robert Mapplethorpe
Robert
veio me buscar. Ele estava preocupado porque o céu estava muito fechado. Terminei
de me vestir: calça preta de pregas, meia branca de linho, sapatilhas pretas. Acrescentei
minha fita favorita, e Robert limpou os farelos de meu paletó preto.
Fomos para
a rua. (...) De alguma forma o dia estava passando muito depressa. Estava nublado
e escuro, e Robert ficava o tempo todo vendo se o sol saía. Até que, no fim da tarde,
o céu começou a abrir. Atravessamos a Washington Square com o céu ameaçando
fechar de novo. Robert estava preocupado que fôssemos perder a luz, e fomos
correndo o resto do caminho até o número 1 da Fifth Avenue.
A luz já
estava esmaecendo. Ele estava sem assistente. Nunca conversávamos sobre o que
faríamos, ou como ficaria. Ele faria a foto. Eu seria fotografada.
Eu tinha
a imagem na cabeça. Ele tinha a luz na cabeça. Simplesmente.
(...)
Largou
o fotômetro. Uma nuvem passou e o triângulo desapareceu. Falou: “Sabe, eu
realmente gosto da brancura da camisa. Você pode tirar o paletó?”.
Joguei o
paletó no ombro, tipo Frank Sinatra. Eu era cheia de referências. Ele era cheio
de luzes e sombras.
“Voltou”,
ele disse.
Fez
mais algumas fotos.
“Consegui.”
“Como
você sabe?”
“Eu
simplesmente sei.”
Ele fez
doze fotos naquele dia.
Em poucos
dias me mostrou um contato. “Essa aqui tem a mágica”, ele disse.
Até hoje
quando olho para essa foto, nunca me vejo. Vejo nós dois.”
SMITH, Patti. Só
Garotos. Tradução: Alexandre Barbosa de Souza. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010, pp. 228-230.
Banga
é uma coleção de 13 canções (11 faixas inéditas + + 1 cover emocionante de um sucesso de Neil Young + 1 faixa
bônus) que são retratos do pensamento inquieto de Patti Smith. Homenagens a
pessoas queridas em meio a uma série de referências literárias, um explorador
sagaz, um sonho apocalítptico, uma ode a um povo sofrido, amores que se foram
para sempre, dois garotos perdidos no famoso Chelsea Hotel. A mistura de Rock, poesia, atitude, despojamento que
Patti faz ao lado de seus fiéis músicos (Lenny Kaye, Tony Shanahan, Jay Dee
Daugherty e outros) teve uma boa receptividade da crítica e do público em geral.
A capa de Banga, o melhor disco lançado em 2012.
Este é,
sem dúvida, um dos trabalhos mais relevantes da obra musical de Patti Smith –
ao lado de Easter (1978), Dream of Life (1988), Peace & Noise (1997) e Horses (1975). Graças ao reconhecimento
deste disco, Patti teve uma nova oportunidade de ser mais ouvida (e lida) por
um público mais jovem. É impressionante a quantidade de jovens que conheceram o
legado desta artista graças a Just Kids
(o livro) e se encantaram com o novo disco. E são outros os jovens que descobrirão
a fúria poética do trabalho de estreia de uma das artistas mais incendiárias da
música em todos os tempos.
No entanto, é preciso deixar claro que o responsável
pelo ressurgimento de Patti Smith no cenário musical foi Robert Mapplethorpe. A
lembrança do amigo e companheiro de andanças nova-iorquinas foi o mergulho
inicial que Mrs. Smith fez nas profundezas de sua própria memória e se dedicar
ao processo criativo de canções. “This is the girl” é uma bela
ode à Amy Winehouse. Já “Maria”,
por exemplo, remete à tristeza causada pelo desaparecimento de uma das mais
belas estrelas de cinema, Maria Schneider (de O Último Tango em Paris), que Patti conheceu durante sua primeira
turnê internacional.
Maria Schneider
No entanto, a faixa-bônus do disco, que recebeu o mesmo
nome do incensado livro, conseguiu cumprir com perfeição a tarefa de eternizar
Mapplethorpe em versos e sons.
Patti em foto de Edward Mapplethorpe, irmão mais novo de seu melhor amigo.
Como mais um ano
se acaba e segue rumo às nossas memórias, a tarefa deste momento é propor um
brinde à música inteligente, à sabedoria e à rebeldia de Patti Smith, que soube cantar o amor e a liberdade como ninguém soube neste ano chega ao fim. Que em
2013 possamos ter a honra de reencontrar esta grande artista em palcos
brasileiros e sentir um pouco desta fúria poética ao vivo!
Cheers!
Leia um texto sobre Banga, o mais recente trabalho de
Patti Smith, no blog Pequenos
Clássicos Perdidos:
John & Yoko: o casal mais controverso do Rock 'n' Roll
Natal:
tempo de celebrar a vida, de presentes, de muita comida e bebida, de encontros
e reencontros, de lugares repletos de gente, de amor e também de hipocrisia
(vamos ter o pé no chão, né?). Há anos que deixei de ter aquele sentimento de
que o Natal era uma época mágica e tão esperada por mim. Porém, sempre procuro
ouvir uma trilha sonora que me deixe mais leve no decorrer desta época do ano.
De todos
os artistas que eu ouço, nenhum é mais simbólico para mim nesta época do ano do
que John Lennon. Primeiro porque a primeira vez que eu tive contato com a sua
obra foi num fatídico mês de dezembro de 1993; Segundo, porque Lennon teve a
infelicidade de ser morto no mês de dezembro de 1980; Terceiro, e mais
importante de tudo, porque foi Lennon quem melhor soube traduzir este espírito
natalino para os dias de hoje. Sem consumismo, sem excessos, sem falsidade, com
um olhar de retrospecto aos anos que chegam e se vão.
Para a
música de John Lennon, todos eram iguais: não importa a sua cor, origem social,
idade. Todos fazem parte de um mundo completamente errado e que precisa
modificar sua essência. Não me refiro apenas às guerras, refiro-me ao preconceito,
ao medo que as pessoas demonstram em aceitar e acreditar naquilo que é novo e
uma série de outras coisas. Há uma série de guerras armadas, como também há uma
série de conflitos ideológicos, de princípios, de uma ode generalizada ao
desrespeito.
Quando saio
em busca das mensagens e dos acordes de Lennon, penso em como foi difícil para
ele celebrar a vida diante de tantas infelicidades que a própria lhe deu: uma
família desestruturada – Alf e Julia Lennon, pais do astro, viviam entre idas e
vidas e simplesmente colocaram o pequeno John de lado –, um primeiro casamento
fracassado com Cynthia, as turbulências com os Fab Four e as instabilidades em seu segundo casamento – este, ao
lado de Yoko Ono. Acredito que John levou muito tempo para acreditar na tal “magia
do Natal” e desejar votos desta tal de felicidade que ele demorou anos para
conhecer a todas as pessoas que ouvem a sua música.
Por isto,
é com o “espírito natalino” regado a John Lennon que eu desejo mais um Feliz
Natal para os que passam por aqui e leem o que temos a dizer. E que os dias que
estão por vir sejam melhores para todos, tal qual diz a canção...
Até breve,
Vinil
Happy Xmas (War Is Over)
John Lennon
So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And new one just begun
And so this is Christmas
I hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young
A very merry Christmas
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear
And so this is Christmas (war is over...)
For weak and for strong (...if you want it)
The rich and the poor one
The world is so wrong
And so happy Christmas
For black and for white
For the yellow and red one
Let's stop all the fight
A very merry Christmas
And a happy new year
Let’s hope it's a good one
Without any fear
And so this is Christmas
And what have we done
Another year over
And new one just begun...
And so happy Christmas
We hope you have fun
The near and the dear one
The older and the young
A very merry Christmas
And a happy new year
Let's hope it's a good one
Without any fear